Review 4x03 - Ink

Depois da apresentação de Redemption no episódio duplo anterior, nos aprofundamos mais em algumas histórias e somos afastados de outras, tudo para que o número de personagens e suas histórias paralelas não fiquem perdidos em pequenas partes. A técnica vem sido usada desde Fugitives e se mostrou eficiente para a série.


A perdição de Matt

É obvio que ignorar Sylar não irá fazer bem algum a Matt. Ainda é dificil entender o que aconteceu a ele para ter essa presença de Sylar constante em sua mente. A explicação mais plausível que consegui chegar é a de que Matt se sente culpado pelo que fez e está sendo enganado por seu subconsciente. A explicação de Greg Grunberg, de que parte de Sylar passou para ele durante o momento da transformação, não faz sentido algum, pois não se poderia “captar” a vida de alguém assim. No máximo seriam suas memórias, o que é uma explicação mais aceitável – memórias sendo manipuladas pelo subconsciente, como acontece em nossos sonhos.

É como o Sylar agindo como Nathan. Isso só é possível pelos poderes do próprio Sylar combinados com a transformação que Matt fez nele. Sylar já possuia as memórias de Nathan, conseguidas tocando em seus objetos (uso de poder) e na aparência pelo DNA (uso de outro poder). Ele tem material suficiente para acreditar que é Nathan e agir como tal. Mas é obvio que ser o Nathan de verdade é impossível.

Voltando ao Matt, dá pra ver que sua perturbação chegou a um ponto insuportável, em que nem ele mesmo pode confiar no que está vendo. Mas ele ignorou isso tudo e usou seu poder para se safar. Foi divertido ver Sylar pregando peças nele, mas isso pode começar a perder a graça daqui por diante. E a comparação do uso de seu poder a um vício de drogas foi a mesma feita em Dexter, em que o serial killer título da série compara sua compulsão por matar ao vício em heroína. E até vai a reuniões falar de seus problemas. No caso de Dexter ele fez isso pois sua namorada desconfiava de algo estranho e o vício seria menos pior do que instinto assassino. Matt entrou no grupo para tentar desabafar e falar de seu problema de alguma forma. Tomara que no próximo episódio esqueçam um pouco do Matt.


O plano de Samuel

Samuel vem demonstrando ser um daqueles vilões controversos, que é mal ao menos tempo que é bom, que tem motivo real para agir como age. Algo que faltou em Sylar e que se tentou inserir na forçada (especialmente em Villains) não dando certo, é claro.

Minha impressão é que ele venha substituir Sylar como o grande vilão da série. Já está ficando ridículo ficarem fugindo de Sylar ou com medo dele por mais de 3 anos. São 3 temporadas com a mesma preocupação. Acho que não terão coragem de mata-lo de vez, então uma boa solução seria desloca-lo um pouco, fazendo ele desistir de perturbar os mesmo de sempre e ir para um lugar bem longe, podendo voltar mais pra frente com uma outra proposta mais interessante. Ou para morrer de vez.

Se a proposta dessa temporada é de mudar um pouco de ares em relação aos vilões, Samuel foi uma boa escolha. Ele está se aproximando de cada um aos poucos, articulando um plano completo e mais abrangente do que se imagina.

A revelação de um pouco de seu passado também ajuda a entender a sua motivação por se excluir do resto do mundo no Carnival. Quando ele pede para olhar o lugar em que passou sua infância ele é mais uma vez esnobado pela sociedade, mesmo com trajes que o faria se passar por eles. Sem dó ele desaba a casa inteira daqueles que os ignoraram. Foi de uma maldade sem tamanho? Foi, mas também foi algo motivado. Algo que ajuda a aproximar mais o personagem do público, nos ajudando a compreende-lo melhor. Ponto para os roteiristas de Heroes. E também para quem escalou o ator Robert Knepper para o papel, ele é perfeito. E olha que eu nem assisti Prison Break mas já ouvi falar muito bem nele, fez jus as boas críticas.

Só falta agora saber pra que serve aquela bússola no braço do Peter. Deve ser como a outra, identificar pessoas com poderes.


O vai e vem de Peter

Peter agora aparece um pouco perdido. Ele pegou o poder de velocidade de Edgar mas não se preocupou em disfarçar um pouco ao usa-lo. Apenas pensando em salvar pessoas, ele vem se descuidando de várias coisas e isso pode acabar piorando a situação dele. Acho que vai chegar num ponto em que ele terá que parar tudo e recorrer a outras pessoas, algo que Bennet já avisou que aconteceria. Não é bom agir sempre sozinho.

Em histórias de super-heróis é mais do que comum que eles estejam sempre sozinhos, sendo a solidão o pior de seus problemas, na maioria das vezes. Mas em Heroes vemos a valorização da união e da família. Acredito que visando esses valores irão obrigar Peter a deixar de agir sozinhos. Vamos ver pra onde isso se encaminha.

Uma pista de que isso pode mudar está na nova personagem, que aliás, ocupou bastante tempo em sua apresentação nesse episódio. Foi mostrado como ela começa seu dia, o modo como acorda, seu bicho de estimação e parte de sua rotina. Tudo para demonstrar que ela é uma pessoa só, isolada por sua deficiência auditiva. Lembrou de algo?

O fator que leva uma pessoa ser diferente das demais foi o grande tema desse episódio, usado como comparação dos problemas de diversas pessoas, Claire, Peter, Samuel e Emma. O caminho mais comum é o isolamento. No caso de Peter o motivo é um pouco diferente, mas a regra também se aplica. Ele e Emma deverão se reencontrar novamente e no mínimo vão descobrir que tem poderes. Aliás, se o poder de Emma for só aquele mesmo, então é o poder mais inútil que eu já vi. Que é até algo que existe mesmo. Como é ainda bem recente, apenas as primeiras manifestações, pode ser que ele seja mais do que parece. Espero.


A nova Claire

Eu no lugar de Claire teria aceitado que o Bennet mandasse o Haitiano dar um jeito na Gretchen. Como ela vai confiar numa menina que fica pertubando pra saber a verdade sobre ela? Como ela confia numa pessoa que mal conheceu? Se ela não tivesse outra alternativa tudo bem, mas a solução estava ali ao seu alcance. Achei cedo demais fazer a colega dela descobrir o poder assim tão fácil e rápido. Seria algo que poderia ter sido explorado aos poucos, assim como a morte da outra menina chata. Foi suicídio mesmo, pronto. De repente ela se tocou que a vida dela era chata e desistiu de tudo. Fim. Será isso mesmo? Seria legal se a Gretchen tivesse jogado ela da janela, ou convencido de que ela deveria se matar. Até lembrei de que ela estava toda empolgada pra roubar um cadáver e fazer o teste da queda. Eu não confiaria em Gretchen tão rápido assim. Ou poderiam ter feito o Haitiano apagar a memória dela, mas na verdade ela não ter esquecido de nada. Sei lá, qualquer outra coisa teria sido mais interessante. Será que só eu acho que ela tem cara de psicopata? Ainda me lembro da Grace de The Nanny quando vejo a Madeline. Grace também era louca, quem assistiu a série sabe.


Ausências

Tracy, Hiro, Ando, Angela, Nathan e Mohinder ficaram de lado nesse episódio. Mohinder deve aparecer lá pro meio ou final da temporada, mas vai aparecer em algum momento. É bom manterem esse rodízio, porque se fosse aparecer todo mundo em todos os episódios as histórias teriam pouco desenvolvimento, não seria bom.


Ponto Alto

Ver o Matt caindo que nem um pato na armadilha de Sylar. São esses poucos momentos que fazem de Sylar ainda ser um personagem interessante.


Ponto Baixo

Claire fazendo birrinha pro pai dela não chamar o Haitiano “eu fico de mal com você pai”. Ok não foi isso o que ela falou, mas foi assim eu ouvi.


Obs: A opinião deste review é totalmente pessoal e parte apenas de um ponto de vista, não tendo intenção de assumir uma posição do que é certo ou errado na série. Portanto todo comentário é bem-vindo, concordando ou não com o ponto de vista aqui declarado.